Conversas fúteis...

Nada dizia nem queria viver...

Vivemos num mundo, onde a experiência e a palavra ocupam lugares privilegiados. Quem consegue expressar sua própria realidade e a realidade que o circunda não só consegue entender o acontecido, mas também, o consegue dominar. A Bíblia nos diz que o homem, dando nome às criaturas, ficava senhor delas. Quem é capaz de dar nome às coisas ou acontecimentos possui uma segurança e um conhecimento maior do que aqueles que não o fazem.

Não é só em relação às coisas que a palavra ajuda a nos situar. A palavra é fundamental na inter-relação com os outros seres humanos. É pela palavra que nos revelamos ou nos escondemos. Mas expressar-se fielmente na verdade, não é fácil. Muitas pessoas não conseguem ultrapassar o nível mínimo de comunicação, usando pouquíssimas expressões para revelar quase nada de si. Vivem fechadas por medos e bloqueios. E assim passam a vida!

A comunicação se dá através de gestos e de palavras, que traduzem ou concretizam algo da vida. Por isso, a verdadeira comunicação deve levar ao crescimento mútuo dos interlocutores. Isto não é fácil! A separação, quase infinita, que existe entre um "EU" e um "TU" só pode ser superada pelo gesto e pela palavra.

Há gestos que ficam incompreensíveis, porque não levam nenhuma palavra e outros gritam mais do que muitas palavras! Há palavras vazias, perdidas, caladas, quando não vão acompanhadas do gesto. A palavra viva e significativa é aquela que me revela e se traduz em gesto concreto.

Outras pessoas ficam apenas nos gestos e não dizem palavras... Gestos sem palavras e palavras sem gestos é vida fútil, pela metade

É preciso correr o risco de se revelar e partilhar, com simplicidade e confiança, o mais fundo da existência. Quando isto acontece, a palavra converte-se em conteúdo e em gesto significativo e comprometido. Quantas vezes as palavras se fazem pequenas, para dizer aquilo que se quer expressar! Ou mentiras para ocultar aquilo que não se quer dizer! Não é fácil viver em total transparência. 

Conheço pessoas que, apesar dos anos percorridos não têm nada a dizer. Podem até proferir muitas palavras, mas não expressam nada do fundo da vida. É como se não tivessem história para contar! É como se tivessem perdido o fio condutor, o amor de viver e partilhar. 

A história pessoal tem sentido se foi vivida com amor. 

E você se revela nas palavras que diz? 

2 comentários:

  1. Inspiradíssimo e muito bonito esse texto...

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    1. O comentário não era para ter saído anônimo. Fui eu que o fiz.

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